quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Canal 1: O Cubo

Peguei num quadrado e pus lá os meus desejos:
amor, abraços, fantasias e beijos;
sonhos e memórias, histórias do meu ninguém.
Tranquei esse quadrado e guardei-o muito bem.
-
Pormeti a mim mesmo não abrir de novo o cubo,
(promessas que se esquecem por ser apenas miúdo)
prometi também nunca mostrar o seu conteúdo
porque aquilo era o meu mundo, e o meu mundo, era o meu cubo.
-
Passou o tempo e nunca ninguém deu por nada;
estava sempre comigo, na minha alma guardada.
Até que, um dia, alguém o encontrou:
descobriu o meu cubo e o meu cubo é quem eu sou!
-
E há diferença entre gostar e amar;
Logo, para esse alguém, eu tive de o mostrar.
Tive medo mas senti que era o mais certo:
O cubo descoberto estava já, de novo, aberto.
-
Eu não sabia que o amor se perdia,
e quando olhei para lá, tinha uma caixa vazia.
Mas esse alguém que descobriu o meu segredo:
encheu de novo com amor, tirando de lá o medo.
-
Em pouco tempo perdi todo o meu receio.
Se antes estava vazio, o cubo agora estava cheio!
Senti riqueza. Uma fortuna, como um rei;
mas apesar de ser pobre, eu nunca desconfiei.
-
O tempo passou e o cubo perdeu o brilho,
ganhou um tom escuro e, no topo, um rastilho.
Ficou rachado e já com alguns remendos
de mágoas e feridas de pesadelos horrendos.
-
Mas lá dentro ainda guardava um chama,
a chama que profana quando um par de almas se ama.
Mas aos poucos foi ficando mais pequena,
e quando tocou no rastilho surgiu o maior problema:
-
tarde de mais. Não parei de soprar,
mas não pude evitar, acabou por rebentar.
Queimou-me as mãos... a cara... o coração...
e durante muito tempo o fui apanhando do chão.
-
Não sabia que podia ser assim:
que era tão perigoso; e sempre o tive ao pé de mim!
Tudo correu assim mas nunca quis esta opção.
E quando o arranjei, pu-lo de novo na mão:
-
peguei num quadrado e pus lá as meus tormentos,
amor, a dor, mágoas e pensamentos;
pesadelos e memórias, histórias do meu alguém.
Tranquei esse quadrado e guardei-o muito bem.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Intervalo (e agora?)

Mesmo agora cheguei, e já penso em como será quando sair daqui.
Sento-me no muro do meu terraço, mas a Lua, que antes sorria comigo, agora só sorri para mim. Eu não consigo sorrir para ela. A Lua agora parece-me bem mais longe do que antes.
De todas as luzes que confundem o meu olhar, existe uma que ainda se destaca, mas agora menos: a luz do farol lá ao fundo. Já nao me ilumina, agora só me deixa sentir uma luz de presença. E o resto são luzecas e luzinhas, que no fundo marcam a diferença entre horizonte de cidade e de aldeia. Mas sinceramente, numa cidade que agora me parece tão vã.
Antes vinha aqui, sentava-me: sentia cada pormenor e cada sabor que o vento me trazia das arvores e do mar. A Lua lembrava-me que nunca estou sozinho e o farol lembrava-me sempre estou amado, na promessa de um dia ir até á Lua sob o cilindro de luz do farol, e tocar com a ponta dos meus dedos no nariz da Lua.
Agora venho aqui, e sento-me... só.
E por muito que reflicta e escreva, este texto nunca terá uma lição; nunca terá uma conclusão que possas tirar daqui, porque agora... agora eu sinto-me vão.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Canal 2: Pensar , Optar , Agir

(Esta é provavelmente das mensagens mais sentidas, porque a experiência própria tem muito mais valor. Eu errei, não errem também.)

Como é óbvio, ninguém age da mesma forma nos bons e nos maus momentos e, dependendo da intensidade dos problemas está a intensidade das tuas acções.
Pior ainda é quando nao ages, mas reages; porque o que difere estes dois verbos é que 'reagir' tem como base o teu próprio instinto e as experiências prévias ao teu presente que, muitas vezes, não podes controlar. Mas isso não te dá o direito de ferir quem te rodeie, só porque não controlas as tuas acções, porque és tu o dono delas. E por muito fundamentada que seja essa reacção, a verdade é que não podes culpar mais ninguém, sem ser a ti mesmo. Mas tal como tens o dever de não ferir, tens o direito de ser perdoado por isso; caso uma destas 'leis' falhe, aí já cabe a cada um decidir por si como agir a uma reacção.

E quando passas por aquelas alturas em que problemas se parecem lembrar de te lixar a vida todos ao mesmo tempo, pior coisa que não teres ninguém que te compreenda, só mesmo, ainda por cima disso, seres mal compreendido. Mas nunca te podes focar no facto de até teres uma boa razão para agir de uma determinada forma, porque a razão para não agir dessa forma pode ser
ainda maior. Só tu sabes exactamente pelo que passas na vida, e só tu sabes, da melhor forma, aquilo que sentes; mas nem sempre sabes tudo, porque o mundo é bem maior que tu, e ele não gira só á tua volta.

Nunca é tarde para admitir que errámos, e nunca é tarde para pedir desculpa. Tal como nunca é tarde para nos mudarmos a nós próprios. Mas, sabes, ás vezes é tarde de mais para tapar a ferida a alguém que magoaste por pensares que sempre estiveste certo, sem querer ouvir o que achaste ridículo e incompreensível.

Tens dois ouvidos, usa-os .

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Canal 2: O Suficiente

Como tudo, eu mudo também

"I have nothing left to say, it's only words. And what I feel, won't change"

O que faz do meu 5º Canal, uma transgressão entre passado e presente , apesar de que muito do meu futuro continuará a ser reflexo deste passado.




- Sejam Bem-Vindos de novo -

A maioria das pessoas não se apercebe de como alguém pode mudar grandes coisas. O medo de tentar ainda atormenta em demasia, sendo o maior ponto fraco.
O apoio resume-se ao 'suficiente':
Já lutei demais por esta causa!
Já sofri demais por este motivo.

Já tentei demasiadas vezes.
...

Mas o que é "suficiente" afinal?
Penso que muitas pessoas nunca chegam a conhecer os seus limites emocionais. Porque somos fruto de tudo o que nos rodeia, e tendemos desde sempre a compararmo-nos com os outros.
Estipulamos que se o Zé é a pessoa mais forte que conhecemos, e não consegue passar uma determinada situação, então nós também não seremos capazes de passar por uma semelhante.
Errado! Porque o Zé é fruto do que o rodeia; e, tal como não há duas pessoas iguais, não existem duas vidas iguais, o que me leva na conclusão de que ninguém vive as mesmas experiências durante o período da sua vida, o que diferencia aquilo a que estipulamos de 'os nossos limites'. E, também, nunca chegamos a saber se o Zé atingiu o seu limite na situação em que fracassou, certo?

Aceita que as pessoas falham, aceita que o mundo não espera por ti, aceita que tempo é tudo o que um dia vais desejar e aceita que não podes viver à espera que a vida sorria para ti. E aí, e só aí, a vida te aceitará a ti como uma pessoa capaz de mais do que imaginas.
Poderias conquistar o mundo, se não fosse o teu receio de tentar.


Reabertura (acordar)

(fotografia por Luís Porto)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Falha de Transmissão


"Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel."


Desculpa-me, amor .

domingo, 20 de janeiro de 2008

Emissão Especial (aos amigos)

Se eu for,
não vais;
impedes-me de ir.
Se cair,
não cais,
ajudas-me a subir.
Se precisar,
não dás,
ofereces.
Mesmo que vá, ou vás, não esqueces.
Se não tiver,
tu tens,
Se não for,
tu vens,
e quando só há mais ninguém, apareces.
Amizade que TU dás, sem como nem porquês;
e o melhor é que, o 'tu', para mim, é 'vocês'.


"Guarda o teu amigo sob a chave da tua própria vida" - William Shakespeare

Intervalo (pequenas coisas)

(fotografia por Luís Porto)

"O que amo, deixo livre:
se voltar, eu conquistei;
se partir, eu nunca o tive."

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Canal 1: Perspectiva

Fim do dia que me mata com melancolia,
vida exactamente inata que me atrofia.
E eu só queria poder ter tudo em tons de boas cores
sem ser melhor ou pior do que rumores.
Senhoras e senhores, eis que me apresento,
incolor e indomável. Instável, como o vento
O nome não me marca nem me traça um bom caminho
porque a vida é o que escolhes tu, e não o teu destino.
E caminho sozinho, agora, porque preciso;
nunca dispenso um olhar que me aqueça, ou um sorriso.
E fico super irritado quando supero o meu estado
de escolher mais que um caminho e todo ele dar errado!
Fico cansado e frustrado; o sorriso poupa-se
e fico indeciso se diga 'porra' ou 'foda-se'.
Mas quando a noite cai de novo sem estrelas postas,
o peso aumenta mais, e eu já tinha o mundo as costas.

Mas cada um é livre de escolher a sua sina,
por isso ponho o mundo e a noite numa mochila,
e sigo la pra fora, procurando adrenalina,
porque a vida é uma selva; entao hoje vou ser Gorila . :D

Intervalo (laços)

























(fotografia por Luís Porto)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Canal 1: Ciclo (<3)

Dizem que o tempo apaga a chama,
que o tempo apaga a dor.
Mas isso engana-te se vives por amor.
Porque as feridas não curam só 'p'rá semana',
e não saram só porque o tempo passa em teu redor.
E se esperas pela mudança, em forma de uma crença;
no final, tens semelhança na tua sentença.
E a parecença é imensa; e nunca se enganou...
só não tem coração partido quem nunca amou.
E a saudade é palavra portuguesa, com certeza
mas amar é atitude que não te deixa a alma ilesa.
E amor é sonhar e sorrir, e sentir, é viver, ser feliz. É subir ao pódio.
Depois é descer, e cair, e sofrer e mentir... até se transformar em ódio.
O que era claro, escurece. O que era quente, arrefece.
E o destino põe-te em lágrimas cada vez que anoitece.
Mas acabas por te levantar de novo, só por ti.
E um dia nasce de novo, só para ti!


e apercebeste que conseguíste superar tudo, só por ti. E orgulhas-te.
Perdes então uma parte de ti; parte à qual chamavas de 'vida'. E és feliz... até te apaixonares de novo.

"You've killed me so many times with your lies and ilusions.
How many lives does it take for me to really feel alive?"




Interlúdio (Raul Midon)

Intervalo (para publicidade)

Dos melhores momentos de sempre .
Com as melhores pessoas de sempre .